É com imenso prazer que nós, alagoanos, Carlito, Rubião, Vânia e Alari, estamos recebendo em Paripueira e Maceió vários casais, amigos nossos, de 21 a 26 de abril deste ano.
A grande lição que o Exército Brasileiro nos ensinou desde os idos de 50, é como conservar as boas amizades. Rapazes e moças daquela época, hoje senhores e senhoras idosos se encontram de tempos em tempos, para conversar, sorrir, chorar e relembrar alegrias e tristezas vividas nas escolas de formação, nos quartéis onde serviram e nas vilas militares que residiram.
Nesses quase setenta anos de amizade, participamos de fatos que nos deixam marcados. Em 2021, um filho meu adoeceu seriamente e precisou fazer um tratamento no Recife. Lá chegando, encontrou um General, filho de um desses amigos nossos. Recebeu do companheiro de farda, além do excelente acompanhamento, muito carinho e dedicação. Nós, pais e irmãos, ficamos eternamente agradecidos.
Em qualquer lugar de nosso imenso Brasil por onde passamos, se houver um colega de farda de meu marido, seremos bem recebidos.
Na fase atual, todos estão com mais de oitenta anos. Já houve várias perdas. Quando nos encontramos, o tempo é pouco para atualizarmos as dores e as alegrias que vivenciamos.
Os filhos e os netos dos oitentões já se conhecem. Certa vez, em Petrolina, um amigo nosso, na reserva, foi fazer uma palestra sobre drogas. Era Ministro de Estado, nessa área complicada e difícil. Pediu à Comissão Organizadora que chamasse determinada Promotora de Pernambuco para apresentá-lo ao publico petrolinense. Emocionada, minha filha, apresentou o “Tio Uchoa” ao povo pernambucano. Ele, filho e neto de ilustres alagoanos, fora nosso vizinho em duas ocasiões: em 1966 e 1980. Adorava passar em nossa casa e bater papo com a menina nordestina.
Durante a doença de meu cunhado Platão, em Recife, outro anjo da guarda, que já tinha sido ajudado pelo companheiro Rubião, foi importantíssimo no ano difícil que nosso ente querido passou no Hospital Militar.
Na despedida desta vida de meu filho João, os militares de Petrolina foram eficientes, atenciosos e dedicados. Nada faltou ao amado filho, pois todos, desde o Capelão até o Comandante do quartel, lá estavam fiscalizando os maiores e os menores detalhes.
Sempre que chegamos em qualquer lugar do país, os amigos se reúnem para um lanche ou um jantar e o papo é longo e divertido. Certa feita, em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, dois amigos iam passando pela orla e viram uma nova construção. Aproximaram-se no jovem engenheiro, loiro e simpático. Perguntaram: “Está construindo por aqui? Como é seu nome?” “Rubião”, disse meu filho. Eles riram e acrescentaram: ”Só pode ser filho do Rubião e da Alari”. Ficaram amigos! Eram dois Oficiais, colegas de turma do meu marido.
Chegamos à fase das doenças, das mortes, das despedidas. Mas, vamos aproveitando. Reunindo os integrantes das turmas de conclusão dos cursos de formação até quando Deus quiser.
Não entendo como os políticos de esquerda tratam os militares! Na própria família ouço comentários maldosos. Mas, para mim, nesses mais de oitenta anos, só tive dos militares que conheço bons exemplos, bons amigos, bons pais de famílias. Sempre que penso nos amigos que fizemos por todo Brasil, lembro a filhos e netos que não percam de vista as pessoas que nos ajudaram a viver melhor e a crer em Deus. Esquecer o lado ruim da vida é outra lição que tento passar para meus descendentes.
Agradeço a Deus por ter conhecido tanta gente boa, que sempre está do nosso lado, nos bons e maus momentos.
Oitentões queridos e suas companheiras: Aproveitem as belezas de nossa terra!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa