Renan Filho, ministro dos Transportes, figura entre um seleto e controverso grupo de ministros do governo federal que vêm sendo criticados por práticas consideradas, por muitos, imorais e típicas do patrimonialismo brasileiro. O episódio que desencadeou essas acusações é emblemático: Renan Filho e outros quatro ministros — Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Waldez Góes (Integração Nacional) e Camilo Santana (Educação) — tiveram suas esposas nomeadas como conselheiras dos Tribunais de Contas de seus respectivos estados.
A prática, embora amparada por critérios técnicos e políticos questionáveis, escancara o que muitos chamam de “cara de pau institucionalizada”. Essas nomeações representam um gesto que, para críticos, simboliza o uso do aparelho estatal para atender a interesses pessoais e familiares, ignorando os princípios da ética pública. A repercussão negativa não é novidade em um país onde o patrimonialismo — a mistura entre interesses públicos e privados — há décadas corrói a confiança da população nas instituições.
Os defensores desse grupo de ministros, por outro lado, acusam os críticos de moralismo pequeno-burguês, alegando que as nomeações seguem regras formais. Contudo, os argumentos não são suficientes para apaziguar a indignação de muitos cidadãos, que enxergam nesses atos um desprezo pelos valores republicanos e pela transparência.
Mais do que apenas um escândalo político momentâneo, o caso expõe uma faceta estrutural do sistema político brasileiro: o uso de cargos estratégicos para blindagem familiar e manutenção de privilégios. Em um cenário de dissolução de casamentos, por exemplo, os benefícios atrelados às nomeações podem garantir estabilidade financeira para as partes envolvidas, algo que, em alguns casos, chega a virar notícia nacional, atraindo ainda mais críticas e polêmicas.
Resta saber como a sociedade brasileira e os historiadores do futuro julgarão esses episódios. Uma coisa, porém, é certa: práticas como essas deixam marcas profundas, que dificilmente serão apagadas da memória política do país
Fonte : Quarto Poder