O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou em pronunciamento no Salão Verde que vai levar a questão do voto impresso para o plenário da Casa.
De acordo com o parlamentar, a discussão do assunto será levada ao plenário “pela tranquilidade das próximas eleições” e para que “possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023
O plenário será o juiz dessa disputa que já foi longe demais”, afirmou.
Na avaliação de Lira, não há nada mais livre, amplo e representativo do que deixar o plenário se manifestar.
“Só assim teremos uma decisão inquestionável e suprema, porque o plenário é nossa alçada máxima de decisão, a expressão da democracia, e vamos deixá-lo decidir”, ressaltou.
Desde julho, a tensão entre os Três Poderes tem aumentado diante das ameaças do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) de não realizar as eleições de 2022.
Embora integrantes do Judiciário, do Legislativo e do Executivo se movimentem para atenuar as diferenças, Bolsonaro prepara uma nova ofensiva contra as urnas eletrônicas.
Segundo auxiliares presidenciais, o alvo será as últimas eleições de 2020. Além disso, ele quer divulgar elementos sobre invasões aos sistemas do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de colocar em cheque a segurança do Judiciário. A avaliação é que Bolsonaro não irá recuar.
O discurso de Lira
O Brasil tem enormes desafios, como as reformas tributária, administrativa, questões ambientais, o combate à pandemia com o avanço da vacinação, além da criação de condições socioeconômicas para a geração de emprego e renda.
O voto impresso está pautando o Brasil. Não é justo com o País e com o que a Câmara dos Deputados tem feito para enfrentar os grandes problemas do Brasil desde que assumi a presidência desta Casa.
Avançamos em muitas questões, atualizando e modernizando a legislação e retirando da gaveta projetos que estavam represados. O Brasil sempre teve pressa, e o momento atual é ainda de maior urgência.
A Câmara dos Deputados é a casa das leis e, infelizmente, assistimos nos últimos dias um tensionamento, quando a corda puxada com muita força leva os Poderes para além dos seus limites.
A Câmara dos Deputados sempre se pauta pelo cumprimento do Regimento e pela defesa da sua vontade, que é a expressão máxima da democracia.
Pela tranquilidade das próximas eleições e para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar a questão do voto impresso para o Plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir.
Para quem fala que a democracia está em risco, não há nada mais livre, amplo e representativo que deixar o plenário manifestar-se.
Só assim teremos uma decisão inquestionável e suprema, porque o plenário é nossa alçada máxima de decisão, a expressão da democracia. E vamos deixá-lo decidir.
Esta é a minha decisão.
O presidente da República tem o seu gabinete, a Suprema Corte tem os seus juízes, e o Ministério Público Federal tem no procurador-geral da República firmeza e responsabilidade constitucional. Todos ciosos de seu espaço institucional.
E a Câmara dos Deputados é a casa mais democrática, onde o voto livre reverbera sempre a vontade popular.
Ouvir a casa – ser a voz de todos os deputados, sermos nós e não “eu” – coisa que venho repetindo constantemente para todos vocês.
Por isso, esta é uma decisão coerente com minha trajetória – de homem público que não foge do debate.
Repito, não contem comigo com qualquer movimento que rompa ou macule a independência e a harmonia entre os Poderes, ainda mais como chefe do Poder que mais representa a vontade do povo brasileiro.
Esse é o meu papel e não fugirei jamais desse compromisso histórico e eterno.
O botão amarelo continua apertado. Segue com a pressão do meu dedo. Estou atento. 24 horas atento. Todo tempo é tempo.
Mas tenho de certeza que continuarei pelo caminho da institucionalidade, da harmonia entre os Poderes e da defesa da democracia.
O Plenário será o juiz dessa disputa, que já foi longe demais”.