Sei que você está na fase de selecionar os presentes e como estou numa idade meio infantil, resolvi fazer alguns pedidos.
O mais importante é lembrar a qualidade de nossos políticos. Eles precisam pensar menos neles próprios e procurar melhores condições de vida para o povo. Nosso país parece um pastoril: o cordão azul, o cordão vermelho e a diana. É impossível tentar ouvir emissoras de rádio e TV entrevistando parlamentares e governantes. Uns elogiam a direita, outros engrandecem a esquerda e poucos, muito poucos, são neutros. Você precisa mandar de presente para os políticos umas cartilhas ensinando onde está o bem do Brasil.
O poder cega as pessoas! Basta ser um simples síndico de condomínio para ser mordido pela mosca azul da vaidade. Só eles podem falar pelos condôminos e tratam antigos amigos aos gritos, porque tentaram falar pelo bem de todos. Sabe, Papai Noel, envia para esses homens uma boa dose de humildade. Que eles olhem para seus familiares e peçam perdão a Deus.
Na família, depois que os pais vão embora, ficam vários filhos tentando a união. O tempo passa, as pessoas mudam e o amor entre eles se desintegra. Você, como bom velhinho, tente lembrá-los dos pais que se foram, das lições aprendidas e, sobretudo, que um precisará sempre do outro. Ninguém vive só!
De todas as lutas enfrentadas nesses meus oitenta anos de vida, a pior foi a profissional. O Legislativo alagoano é uma casa política, com dirigentes vindos de todo nosso Estado. Vão aprendendo maneiras de dividir o dinheiro público entre eles, retirando dos servidores antigos vantagens amparadas por lei. E não adianta reclamar, ir à Justiça pedir ajuda. Se o pobre servidor não comprovar o que é público e notório, vira réu e eles ficam zombando da categoria. Lutei e luto desde 1989, quando a Constituição nos deu o direito de discordar e poucas vitórias obtive. Há um forte laço entre o Legislativo e o Judiciário. Papai Noel, olhe com caridade para nós, servidores públicos!
Ouvi de uma amiga: “Sou da paz. Vou lhe dar um tempo!” E me abandonou. Talvez ela tenha razão. É melhor fingir que não está vendo nada, ouvir alfinetadas com cara de tola, ver uma pessoa tripudiar sobre as outras, ver os dirigentes cortar nosso salários, ver o síndico de um condomínio gritar descontroladamente, ver o IMA fugir da parada, acompanhar o rio destruir casas por causa de obras irregulares e ficar calada. Bem mais fácil é ignorar fatos concretos. Talvez, Papai Noel, pudesse mandar um anestésico para a “Velhinha das Alagoas” que a deixasse bem caladinha.
O Natal é época de amor, paz e milagres. O Brasil precisa melhorar a educação, a saúde, a segurança. O espírito do Natal poderá convencer os governantes a parar as Medidas Provisórias com fins eleitoreiros, PECs beneficiando a área governista, orçamento secreto enchendo os bolsos dos parlamentares. Se Papai Noel olhasse as manobras do Congresso, do Supremo e do Executivo, ficaria assustado e adormeceria todos eles para acordarem com novas ideias.
Sendo esta cronista uma pessoa esclarecida, fica procurando na TV notícias que sejam sérias e não beneficiem figuras do azul e do encarnado. Impossível! Num lado, o Presidente é atacado, no outro, elogiado pelo mesmo motivo. Em quem acreditar? Ele está certo? Está errado? Imaginem um eleitor pouco alfabetizado, que conclusões vai tirar?
Vivemos dois anos de pandemia. O país quase parou. Milhares de pessoas morreram e a CPI da “vingança” acusa o Presidente. Nos outros países, onde também milhares foram vitimadas, quem foi o culpado? O vírus da COVID veio de onde? Por que o esconderam durante tanto tempo?
E assim, Papai Noel, vivemos numa fase de turbulência: enquanto brasileiros morrem, políticos brigam por poder e por dinheiro. Só você, com seu espírito natalino, pode fazer o milagre de nos ajudar e salvar este país sofrido e humilhado!
Ah! Ia esquecendo: Obrigado pelo presente que mandou para meu filho João, proporcionando-lhe o tratamento de uma doença. Não tenho coragem de pedir mais nada para esta velha cronista sofrida e agradecida.
Feliz Natal!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa