Neste oito de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher.
Desde criança vejo o preconceito sofrido por ela no Brasil e, principalmente, no Nordeste. A luta é grande, mas nós, filhas de Eva, vamos insistindo para conquistar e registrar nosso espaço.
O primeiro grande fracasso tem sido na política, onde as mulheres não ocupam as vagas a que têm direito no processo eleitoral. Tomemos por exemplo a Assembleia Legislativa de Alagoas e a Câmara Municipal de Maceió; por lá existem mais homens, bem mais, E houve época em que no Legislativo Estadual não havia nenhuma representante do sexo feminino.
Lembro-me de um momento em que Heloísa Helena era Deputada Estadual e escutei vários parlamentares tramando afastá-la para aprovarem um projeto de interesse do governo. Um deles dizia: “Vamos mandá-la para uma representação fora do Estado e aprovaremos a matéria”. E riam! Assim foi feito e, ao voltar, a deputada ficou indignada. Coisas da Assembleia!
Em várias profissões a mulher não conseguiu ser maioria, mas em outras, como Psicologia e Medicina, aparece um número satisfatório de Evas.
Um fato que me intriga: Alagoas nunca teve uma governadora, mas Maceió já teve prefeita. Está na hora de colocar a Jó Pereira como candidata. A maioria a quer como vice. Não a conheço, mas acompanho seu trabalho e da família, desde o tempo do pai dela. São políticos dedicados, aumentando a área de atuação política, conquistando novos eleitores.
No sindicalismo há muitas mulheres batalhadoras. Conheço algumas, entretanto não vou citar nomes para não cometer injustiças. Desde quando fui dirigente sindical, convivi com um número considerável delas, representantes de classes trabalhadoras.
Na Justiça, também, há mais homens. Destacam-se algumas juízas, promotoras, mas só há uma desembargadora.
Outro dia, tive uma experiência de força negativa com uma juíza. Tinha raiva de mim porque me desentendi com um desembargador, seu marido e me condenou sem me ouvir. Poucos dias depois, mostrou um documento a uma amiga comum e disse: “Eis porque condenei Alari; ela foi processada por meu marido”. Quer dizer: o fato não era objeto do caso. Rezo todos os dias, para que ela caia na real e não condene uma idosa, por ter raiva dela. É bom lembrar que o desembargador, já falecido, retirou a queixa, quando entendeu a injustiça que seria cometida.
Em Alagoas temos muitas médicas maravilhosas. São criaturas abençoadas por Deus que se destacam na profissão e tratam bem seus clientes. Minha homenagem a todas as médicas através de Eleusa e Estela (in memorian). Foram médicas de meu tempo, competentes e gentis. Gostaria de lembrar Nise da Silveira, psiquiatra alagoana, famosa pelo tratamento diferenciado, pioneiro, adotado em pacientes no Rio, ainda capital do país, antes dos anos 60.
Engenheiras, arquitetas, economistas, administradoras, comerciantes e executivas, são mulheres ainda lutando com uma maioria de homens. Resistem bravamente e conseguem realizar bons trabalhos.
Se formos falar nas donas de casa, aquelas optantes em tomar conta dos filhos e administrar o lar, enquanto os pais trabalham fora, encontraremos um número bem reduzido. Quando morei em na Vila Militar de Garanhuns – PE, em 1978, era a única mulher que trabalhava fora de casa. Estava à disposição da FEBEM onde adquiri vasta experiência na área social. Recebia muitas críticas por deixar meus filhos adolescentes com as secretárias no segundo horário. Hoje, o panorama é outro: a maioria das mães exerce uma profissão.
Não conseguimos ainda a tão sonhada liberdade. Alguns acham que é competir com os homens. Esquecem que a mulher exerce o duplo papel de dona de casa e de outra profissão. Se um filho adoece, corre logo a mãe; se acontece algo para resolver, corre a mulher.
E as mães que criaram sós seus filhos, fruto de irresponsáveis pais que abandonaram a família? Conheci mães solteiras, viúvas, separadas. O mais interessante foi uma professora de Brasilia que resolveu fazer uma produção independente. Teve um filho com um jornalista casado e criou o garoto sozinha. Continuou brilhando profissionalmente.
Mas, as mulheres do momento atual ganharam um bom espaço e, com o passar do tempo, serão bem mais ativas.
Viva a Mulher com sua força!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa