“Frente às circunstâncias, é a última saída”, afirma 4º colocado depois de se reunir com seu partido.
O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, 64 anos, afirmou nesta 3ª feira (4.out.2022) que acompanhará a decisão de seu partido de apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa do 2º turno das eleições contra Jair Bolsonaro (PL).
Em um pronunciamento transmitido em seu canal no YouTube, Ciro disse que, “frente às circunstâncias”, pedir voto no candidato petista “é a última saída”. Ele não citou Lula nem o PT em nenhum momento de sua fala (leia a íntegra ao final da reportagem).
O ex-ministro e ex-governador do Ceará declarou que não pediu nem aceitará cargos em um eventual 3º governo de Lula. “Quero estar livre, ao lado da sociedade, em especial da juventude, lutando por transformações profundas, como as que propusemos durante nossa campanha”, afirmou.
Na reta final do 1º turno, Ciro elevou gradativamente a agressividade das críticas aos governos petistas e a Lula, chamando-o de “fascistoide” e “corrupto”. Ele foi alvo de uma campanha de apoiadores do ex-presidente pelo chamado “voto útil” –um apelo para que eleitores de Ciro, principalmente, e, em menor grau, de “fascistoide” e “corrupto”.
Ele foi alvo de uma campanha de apoiadores do ex-presidente pelo chamado “voto útil” –um apelo para que eleitores de Ciro, principalmente, e, em menor grau, de Simone Tebet (MDB) votassem em Lula para derrotar Bolsonaro já no último domingo (2.out), o que não se concretizou.
“Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do país contra projetos de poder que levaram nosso povo a essa situação grave e ameaçadora”, disse o pedetista nesta 3ª.
A fala parece fazer um contraponto velado às críticas de eleitores do PT à viagem de Ciro para Paris logo depois do 1º turno da eleição presidencial de 2018. Ele decidiu não fazer campanha para Fernando Haddad e voltou ao Brasil só a tempo de votar no petista, derrotado por Bolsonaro.
Em 2022, Ciro teve o pior desempenho de sua carreira política em disputas pelo Palácio do Planalto. Na 4ª eleição, o pedetista teve votação pífia até mesmo no Estado do Ceará, seu berço político. No cenário nacional, o político experiente teve 3,04% dos votos válidos — 3.599.188 votos –abaixo do que alcançou em 1998, 2002 e 2018.
APOIO PROGRAMÁTICO
Ao anunciar o apoio do PDT a Lula no 2º turno deste ano, o presidente do partido, Carlos Lupi, declarou que Ciro “não viajará, ficará aqui no Brasil e já declarou esse apoio [a Lula] através do partido”.
Lupi afirmou a jornalistas que a decisão de pedir aos filiados que votem em Lula e, se convidados, façam campanha para o ex-presidente se baseia em compromisso assumido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, de incorporar ao programa de governo 3 propostas de Ciro.
São elas: o programa de renda mínima de R$ 1.000 por família, a renegociação de dívidas no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e o projeto de educação em tempo integral.
Nesta 3ª, a Executiva Nacional do PDT decidiu acrescentar a sugestão ao PT de que Lula assuma também a defesa do chamado “código brasileiro do trabalho”.
Trata-se de uma atualização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que, em suma, ajustaria a legislação a tratados assinados pelo Brasil com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e garantiria direitos a trabalhadores de aplicativo.