Valorizando o viver do ser humano, existem lugares místicos que quando frequentados, cada um com suas próprias histórias, emanam energia poderosa, e mesmo possuidores ou não de beleza, ao serem vislumbrados propiciam verdadeira paz espiritual.
Nas andanças pelo mundo conheci centenas deles, contudo alguns me encantam o coração: Catedral de Santana, Caicó; Menir de Antas, Portugal; Machu Pichu, Peru; Rio Ganges e Taj Mahal, Índia; Muro das Lamentações, Jerusalém; Pirâmides de Gizé, Egito; Santa Sé, Roma; Boudhanath Stoupa, Nepal; Petra, Jordânia; Grande Muralha, China. Ambientes que ao serem vistos, senti-me extremamente sensível e intuitivo.
Dentre tantos, local que muito me emociona, é a capela número um do Parque das Flores, em Maceió pois ouso compará-la a baú cheio de mistérios, oceano profundo, as vezes triste cemitério, onde em determinado momento os seres humanos recém falecidos, esperam para seguirem até o jazigo.
Consciente de ser a família, representação maior de tudo para mim, justificando as realizações cotidianamente desenvolvidas na expectativa de tornar-me alguém melhor, busco sempre conscientizar-me que a morte não separa, somente une. A vida é que muitas vezes afasta os indivíduos.
Nos últimos vinte anos, pôr ordem sequencial, perdi o convívio de pessoas adoráveis as quais, cada uma a seu modo, conseguiram influenciar meus atos: Eduardo Jorge Silva, Rostand, Marlene e recentemente Magaly, patriarcas de minha prole, havendo os mesmos sido sepultados no Parque da Flores, e apesar do lapso temporal entre os ocorridos, coincidentemente velados em sua capela número um.
Relembrando aquela sala, onde meus entes permaneceram por curto espaço de tempo, assim como em uma plataforma de embarque, a espera de últimos acenos, em pensamento vislumbro o olhar de adeus, dominando melancolicamente a face de tantos queridos, e sinto como se os pranteados, estivessem em espirito ocupando tal vazio, consolando e ao mesmo tempo a todos fortalecendo, ante a necessidade de continuarem a viver, e permanecendo fortes na expectativa de legar aos descendentes a grandeza de atos de bondade por cada um deles praticados, enquanto fisicamente conosco estiveram.
Recordando os quatro distintos episódios de despedida, ocorridos na capela número um do campo santo, facilmente entendi que as lagrimas então derramadas, indicavam ser impossível deixar de sentir falta de alguém que não podemos esquecer, somente pelo fato de que a partir de tais acontecimentos, os caminhos trilhados a partir de então, seriam desencontrados.
Com a desmaterialização de Vô Iu, Vovô Amado, Vó Lí e Volene, juntos, suas netinhas, Bruna, Larissa e Flavia, os bisnetos, Arthur, Beatriz, Leonardo, Leticia, Gabriel e Matheus e também Ana Lanverly e eu próprio, perdemos suas referências palpáveis, com o término da relação, nos termos conhecidos, porém mais importante que suas vestes ou perfumes, objetos cujas utilizações poderiam ser feitas por terceiros, ficaram não somente seus exemplos sempre lembrados, mas principalmente a imensa paixão constantemente por eles demonstrada para com todos nós, porque só a bondade perpetua-se. Tudo o mais perece envolto na poeira do tempo.
A capela um do Parque das Flores, é para mim símbolo de saudade eterna.
@@@ – Dia 20 de dezembro de 2022, terça feira, 19 horas, na Igreja Divino Espirito Santo, na Avenida Amélia Rosa, Jatiuca, Maceió, acontecerá missa de sétimo dia, quando amigos e familiares de Magaly Costa Silva, exemplar esposa, mãe e avó, se unirão em prece rogando por seu descanso eterno.
Alberto Rostand Lanverly
Presidente da Academia Alagoana de Letras