Evento é a primeira festividade da Independência sob terceiro governo petista e ocorreu após anos de politização da data
A secura e o calor de Brasília (DF) não impediram que cerca de 50 mil pessoas se reunissem nesta quinta-feira (7), na Esplanada dos Ministérios, para acompanhar o habitual desfile do 7 de Setembro. Com duração de aproximadamente duas horas, esta foi a primeira festividade da Independência sob a terceira gestão Lula. O evento ocorreu em meio à memória gerada pelos anos em que o último ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), politizou a data e tentou colar às comemorações a imagem da extrema direita, com a exaltação dos ânimos de agentes das Forças Armadas.
A ressaca política produzida por aquele contexto fez com que nesta quinta-feira alguns militantes de esquerda comparecessem à avenida para prestar apoio ao atual chefe do Executivo. Foi o que fez a gestora cultural Teresa Padilha, que marcou presença na Esplanada acompanhada de amigas e empunhando a bandeira do segmento LGBTQIA+.
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“Estou vindo para este desfile porque eu acredito neste governo, senão não estaria aqui. Esta é uma pauta que o Lula está trazendo, sempre trouxe. Então, acho que é importantíssimo que a gente fale também sobre a diversidade, sobre as diferenças, sobre a importância de a gente estar de igual para igual com todos e todas. O Brasil é isso.”
Vestindo uma camisa vermelha com o rosto de Lula estampado, a cozinheira Ruth Lira chamou a atenção em meio ao conjunto de pessoas trajando uniformes e balançando bandeiras verde-amarelas. Ela ressalta que foi ao local especialmente com o objetivo de demonstrar apoio ao petista. “Ele foi alvo de muitas coisas ruins, acusações, montagens [político-jurídicas], então, a gente veio prestigiá-lo porque a gente sempre acreditou na sua inocência.”
Este ano a comemoração trouxe como slogan a frase “Democracia, soberania e união”, em uma tentativa de destoar do sentido dado por Bolsonaro ao evento nos últimos anos, quando a festividade ganhou ares de flerte com a ditadura militar. De forma a evidenciar o tema, o governo federal espalhou banners pelos prédios da Esplanada com imagens que faziam referência ao assunto.
Em sua faceta mais oficial, o evento contou com desfile do presidente Lula e da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, que surgiram no tradicional Rolls-Royce. Também contou com a presença de ministros, do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.
O trabalhador Edmilson dos Santos foi um dos que se empolgaram na avenida com o desfile. Enquanto assistia à apresentação de tanques do Exército, ele foi flagrado pela reportagem gesticulando um “L”, símbolo do apoio a Lula.
“Todo ano eu venho porque acho que é uma forma de festejar não só a pátria, mas a própria democracia. Este ano trouxe minha neta porque acho importante. Eu nasci aqui na capital federal e tenho orgulho de ser brasileiro”, disse, acompanhado pela pequena Sophia, de 6 anos, que ansiava pela apresentação da Esquadrilha da Fumaça, a última atração do dia.