Viajei recentemente por três Estados do Nordeste: Pernambuco, Piauí e Maranhão. Espantei-me com o que vi: muita pobreza e algumas estradas péssimas.
Comparei com o que vejo quando viajo entre Maceió e Recife. As estradas que ligam as duas capitais são boas. A exceção é entre Maragogi e Rio Formoso. Ainda encontramos vários buracos e algumas correções deixando o asfalto irregular. Na estrada de cima a situação é bem melhor.
As cidades entre Pernambuco e Alagoas são bem melhores, mais alegres, mais ricas.
Quando saímos de Pernambuco indo para o Piauí, as estradas são até boas. Mas sem acostamentos. Entretanto as cidades são pequenas e relativamente pobres, se levarmos em consideração Petrolina. Esta é uma bela cidade, sempre crescendo. Cada vez que volto por lá, vejo novas construções, novos condomínios, novas empresas se estabelecendo. Lembra Arapiraca na nossa Alagoas.
Nosso destino era Pinheiro no Maranhão, onde meu neto e afilhado, Cadu, está concluindo o curso de medicina. Pois bem, antes de chegarmos lá, passamos por duzentos quilômetros de estradas esburacadas. Para se avaliar o descaso, o trecho é percorrido em cinco horas. Há muito tempo, não via tanto estrago. São verdadeiras crateras ao longo da via durante todo aquele tempo. Os carros furam os pneus, viram ou os motoristas viajam assustados.
Onde estão os políticos do Maranhão? Pinheiro é a terra da família Sarney. Lá existe o museu do velho patriarca, a escola onde ele estudou e ele não liga para sua terra natal. Nem sei quanto tempo ele lá não aparece. Bem que ele podia sair de Teresina e ir, de carro, até Pinheiro. Nem sei se chegaria vivo. Sem contar os filhos que são políticos e deveriam olhar para Pinheiro.
Para completar o drama, a cidade é cheia de urubus porque não existe saneamento. É uma cidade polo, tem universidade federal e o mau cheiro é constante, até na rua principal que corta a cidade de ponta a ponta.
Outro político famoso, Flávio Dino, atual Ministro do Supremo Tribunal Federal, também é do Maranhão. Não olha pelas cidades e pelas estradas do Estado. Não entendo como um político que já foi Governador do Estado e Ministro da Justiça aceita uma situação como essa.
Outro fato que me chamou a atenção foi a existência de lindas fazendas de gado no trajeto, antes de chegar a Pinheiro. As árvores são verdes e existe água em abundância. Por que esses fazendeiros que devem ajudar aos políticos, não lutam pela melhoria das estradas? Tenho certeza de que no período das eleições são visitados pelos políticos pedindo votos. Essa é a hora de exigir o conserto das estradas que conduzem à cidade principal.
Visitei a faculdade de medicina, numa área quase rural, mas o prédio é bem cuidado. Há vários hospitais onde os estudantes fazem a parte prática do curso. Os professores, em sua maioria, vêm de São Luiz, mas o curso é bom.
A área do mercado municipal é incrivelmente suja, um festival de urubus, por falta de saneamento. Aliás, em toda a cidade vemos o esgoto escorrendo a céu aberto e o mau cheiro é insuportável. Para entrar num restaurante, você pula o esgoto. Coisa de antigamente.
Sempre notei que, em Pernambuco, os políticos, mesmo sendo de partidos diferentes, lutam pelo Estado. Um exemplo disso é Petrolina, cidade grande e próspera. Tudo que se procura nela, sempre existe. A orla fluvial está linda, cheia de hotéis, restaurantes e belos prédios. Dá gosto percorrer suas ruas.
Quando o viajante sai de Pernambuco e entra no Piauí, começa a ver a diferença nas estradas e nas cidades. Vi um shopping center em Picos, cidade polo piauiense, entregue às baratas. Lojas fechadas, praça de alimentação com pouquíssimo movimento e muitas moscas. Dá dó de ver tanta miséria!
Os políticos do Piauí e Maranhão deveriam se unir e pressionar os Ministros da área de Transportes, da Saúde para lutar por seus Estados. Mirem–se nos exemplos de Pernambuco e de Alagoas.
É disso que o Nordeste precisa!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa
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