A gasolina aumentou novamente. A carne está caríssima. A inflação vai pouco a pouco crescendo. Os juros sobem assustadoramente! Estamos vivendo uma época difícil, com crises sucessivas em vários setores.
O Congresso Nacional tenta baixar o preço da gasolina e não consegue. Os Estados cobram impostos altos sobre os derivados de petróleo. Os governadores não querem diminuir os impostos. E o povo é que sofre!
Está aparecendo, com muito vagar, a retomada dos empregos, pois os casos de COVID 19 estão diminuindo, mas as famílias estão endividadas.
Os órfãos da pandemia estão soltos no meio da crise. Morreram pais e avós, e os pequenos foram entregues a irmãos, irmãs e tios. As famílias se desarrumaram.
Ainda persiste o medo nos mínimos contatos. Estava no centro da cidade e toquei no ombro de uma moça, pedindo para passar. Ela tomou um susto e saiu da calçada. Parecia ter visto um fantasma!
Um amigo ou um parente adoece e não podemos visitá-lo. Nos hospitais se alguém está internado, só uma pessoa pode permanecer no quarto. Ficamos sabendo notícias através de outros amigos. O elo fraternal está morrendo!
O Auxílio Emergencial é uma “faca de dois gumes”. Quem o recebe está se acostumando com uma pequena quantia que cai todos os meses em sua conta e vai se acomodando. Uma grande maioria engana o governo para receber tal ajuda. E aqueles que têm realmente direito ao pingado valor nada recebem. Já ouvi falar até em Auxílio Gás!
Hoje, poucas famílias conseguem ter uma empregada doméstica que compareça diariamente ao trabalho. Elas, as auxiliares do lar, não querem mais receber o salário mínimo. Além disso, há outros auxílios que tornam o salário bruto muito caro para as patroas. Outro caso sério: a grande maioria ao sair do emprego, coloca os patrões na Justiça do Trabalho e mentem demais. Resultado: as diaristas ganharam espaço no mercado e, assim mesmo, por dois dias durante a semana. Se passar disso, vira vínculo empregatício.
A classe média é quem mais sofre com o preço pago para ter em casa luz elétrica. É um susto receber a conta de energia todo mês. Nunca vem o mesmo valor e a quantia sempre aumenta. Com a chuva caindo pouco nas áreas onde correm os rios para as grandes represas, o governo cobra mais do consumidor. Virou mania apagar as luzes de dentro de casa.
Os salários não acompanham a inflação e a vida vai se tornando mais difícil, até porque toda economia dos dirigentes passa pelos trabalhadores.
Até a pensão da viúva ficou menor! Segundo uma lei federal, quando morre o chefe da família, a viúva só recebe cinquenta por cento do salário do marido.
Imaginemos um cidadão com mulher e filhos que receba mensalmente um salário mínimo. Dificilmente conseguirá sobreviver. Não vai poder pagar energia, gás, comer carne. Precisará da ajuda de outras pessoas da família e não sei se sobreviverá. Viver no Brasil está cada dia mais difícil, pois as autoridades só pensam nelas. O povo que sofra!
Vejamos a discrepância que existe entre o que percebe um parlamentar na área municipal, estadual ou federal e um professor ou um trabalhador da área técnica. Enquanto um deputado estadual, vamos dar um exemplo, além do alto salário, recebe verba de gabinete, auxílio paletó e outras coisas, aquele que trabalha, como o professor, precisa ensinar em dois, três colégios para sobreviver.
O Brasil é um país de contradições: uns vivem nababescamente e outros lutam para ter uma vida simples e digna. Nas periferias habitam pessoas amontoadas sendo exploradas por traficantes e milicianos.
Alagoas é um dos Estados mais pobres do Nordeste. Os servidores públicos sofrem com pequenos reajustes, enquanto a classe política vive muito bem.
O trabalhador comum está cozinhando em fogo de lenha, não pode ter carro e dentro em pouco, não poderá pagar luz elétrica!
Dessa maneira, para onde vamos nós?
* É aposentada da Assembleia Legislativa.
Alari Romariz Torres *
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