O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, qualificou como um ato “criminoso” a disseminação de fake news sobre a pandemia de Covid-19 e, embora não tenha citado nomes, rebateu a declaração de Jair Bolsonaro de que a variante ômicron seria “bem-vinda” ao Brasil.
“É criminoso buscar, difundir mentiras através das novidades mentirosas, do inglês ‘fake news’. Isso não é razoável. Não é razoável levar esse tipo de informação a inúmeras pessoas que por vezes não têm acesso ou não têm tempo para acessar os canais de informação que estão na luta pela vida, pela sobrevivência”, disse Barra Torres durante a reunião de avaliação sobre um novo pedido para autorizar o uso a CoronaVac na imunização de crianças e adolescentes, realizada nesta quinta-feira (20).
“Ainda há pessoas que dizem que a chegada da variante sinaliza um tempo melhor. Sinaliza o fim de uma pandemia já a olhos vistos. Os números não mostram isso”, completou. “É impressionante ver que em meio a um cenário aponta claramente para os efeitos do avanço da variante Ômicron, ainda há pessoas que dizem que a pandemia está acabando”, ressaltou.
Barra Torres também disse que “gostaria de saber o que as pessoas disseminadoras de fake news vão fazer com os números de mais de 70% de aumento de internação de crianças em UTI no dia de hoje. Será que os disseminadores de ‘fake news’ vão noticiar isso também? Penso que não, né”.
Durante a reunião, Barra Torres lembrou que, caso a diretoria colegiada da Anvisa decida pela aprovação da CoronaVac, caberá ao Ministério da Saúde decidir se vai ou não usar a vacina na campanha de imunização contra a Covid-19. Desde o início da pandemia,Jair Bolsonaro tem se manifestado contra a vacinação e criticado diretamente a CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac.
No início do mês, Antonio barra Torres divulgou uma carta criticando as insinuações de Jair Bolsonaro sobre eventuais interesses da agência na vacinação infantil. “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não prevarique”, disse ele no documento. Diante da repercussão, Bolsonaro recuou da declaração anterior e disse que não “acusou ninguém”.