Algum tempo sem dar notícias, Jesualdo finalmente apareceu, combinando um encontro para colocar assuntos em dia. Nem bem sentamos, foi logo contando que finalmente houvera sido nomeado para ocupar o posto de delegado da polícia civil, após haver sido aprovado em concurso público realizado dois anos antes.
Foi quando perguntou se lembrava a sua sobrinha Germinia, esperta para dedeu. Com a resposta afirmativa disse haver recebido em sua casa, sua visita acompanhada do primo por parte de pai chamado Horinando Pedroso, que logo lhe contaram o seu reclamo na expectativa de solicitar ajuda.
Falou haver casado muito cedo com Vivelinda, sua primeira namorada, hoje tinham dois filhos, mas que tinha a certeza de estar sendo traído e queria a ajuda da polícia para dar um flagrante e resolver a situação.
Jesualdo foi escutando detalhes da situação. Horinando já sabia estar sendo traído por sua bela esposa, pois esta duas vezes na semana, sempre terças e quintas, saia cedo da tarde, somente retornado com o surgimento da lua. Na verdade, encontrava um coroa casado, famoso na cidade, e juntos seguiam para o ninho de amor, em um dos elegantes motéis da zona norte da cidade. A rotina já se repetia há algum tempo.
Jesualdo, falou que não podia se envolver, enquanto Horinando e sua irmã Germinia, ambos quase em lágrimas, solicitavam a complacência do tio xerife, que depois de muitas conversas, resolveu ajudar os parentes.
Dia seguinte, Horinando encontrou Jesualdo logo depois do almoço e juntos com mais três policiais seguiram em um camburão da polícia para as cercanias do motel, onde se posicionaram debaixo de uma mangueira, para logo após, assistirem um chique automóvel tendo Vivelinda e seu amante como passageiros, entrar no local de luxuria.
Vinte minutos depois, o camburão se apresentou na portaria do motel. O delegado Jesualdo, anunciou uma ação policial de rotina e após detectar onde se encontrava o veículo do casal, dirigiu-se com toda a equipe de acompanhantes, para dar o flagra, que deveria servir para Horinando passar a ter a guarda dos filhos após a separação.
Bateram na porta. Minutos depois o amante, enrolado em uma toalha, veio atender, tendo sido abordado e levado para dentro da alcova.
Jesualdo e os três policiais com revolver em punho, acompanhavam Horinando, todos espantados com a beleza de Vivelinda, nua deitada na cama, que para surpresa dos presentes, de um salto só, se postou defronte ao marido e após dar-lhe um tapa no rosto, gritou: seu corno safado, você sabe que não gosto de você não é?
Jesualdo recolheu a equipe e de cabeça baixa deixou o ambiente. Horinando se separou de Vivelinda que manteve a guarda das crianças.
Meses depois, no mesmo motel, o amante de Vivelinda, conceituado e bem casado homem da sociedade sofreu um infarto e faleceu nos braços da amante, que hoje incrível que pareça, se entregou à igreja.
Coisas da vida, aventuras de Jesualdo.
Alberto Rostand Lanverly
Presidente da Academia Alagoana de Letras