Aprendi, nesses oitenta e um anos de vida, a importância de ter amigos, fazer amigos. Mas, é triste perder pessoas queridas, ainda vivas.
Quando pequena, no terceiro ano do Grupo Escolar, no primeiro dia de aula uma amiga guardou um lugar para mim. No decorrer do ano, entre tapas e beijos, entendi que não daria certo continuar junto dela, transformada em colega chata. E saí da carteira. Hoje, encontramo-nos na cidade e rimos do tal acontecimento.
Fui crescendo e aprendendo com a vida a dar valor às verdadeiras amizades. Nos anos de Assembleia Legislativa conheci muita gente, convivi com várias pessoas e duas delas me marcaram para sempre: Elaine Tenório, já falecida e Selma Suruagy, que me abraça fortemente, de vez em quando.
Desde a fundação do “Velho Sindicato” aprendi a gostar de um colega, que ainda hoje liga lá de Delmir para conversarmos, vem em minha casa com toda a família e se tornou um grande amigo. Vive longe, mas está perto. Não é Lu?
Ainda como sindicalista, conheci uma jovem curiosa, perspicaz, inteligente. Senti que poderia crescer e chegar a ser Presidente da nossa entidade. Dizia frequentemente: Seu dia chegará; tenha calma! E chegou. No dia 10 deste mês, ela passou o cargo da instituição para outro jovem promissor. Alunos, preparados pelo nosso grupo para tomarem conta do “Velho Sindicato”. Abraços fraternos para Zilneide Lages e Henrique Lopes. Que Deus os abençoe sempre.
Mas não posso esquecer que formamos um grupo homogêneo, desde a fundação do nosso querido sindicato. Em nome de todos esses amigos, homenageio Aroldo Loureiro, forte, lutador, que sabe a hora de dizer a verdade.
O tempo corre, as decepções surgem e nem sempre as amizades resistem às intempéries da vida. Os motivos são os mais diversos: campanha eleitoral, problemas familiares, opiniões diferentes.
Eu tinha duas amigas que não se entendiam. Ambas eram Presidentes de entidades do Legislativo. Tentei unir as duas e não consegui. Entretanto, fiz parte do grupo de uma delas e na eleição do “Velho Sindicato” permaneci onde sempre estive. O resultado foi negativo e a amizade não resistiu à campanha eleitoral. Não sei se perdi a amiga, mas ela acreditou mais nos novos amigos. É difícil, muito difícil, lutar em campos distintos e sustentar uma velha amizade.
Convivi com casais das Forças Armadas durante mais de trinta anos. Conservei tios e tias do coração dos meus filhos. Ainda hoje nos ajudam quando precisamos. No Brasil todo, aonde chegamos, encontramos colegas de meu marido e suas esposas. Agora já são os filhos desses casais que são amigos de nossos filhos.
Na família, principalmente, se for grande, não é fácil conservar os verdadeiros amigos. Por mais que você tenha amado, querido bem, basta pensar de modo diferente e eles desaparecem.
Com o passar do tempo, vamos aprendendo com quem podemos contar, quais os verdadeiros amigos que nos entendem e mesmo nas dificuldades, tentam amenizar os fatos e nos procuram para um entendimento.
Entretanto o saldo é positivo! Velhos amigos vão embora, novos aparecem e vamos sobrevivendo às desilusões.
Uma filha me diz: “Mamãe, você é bélica, mas conte comigo sempre”. Não gosto muito da frase, mas finjo gostar.
De tudo isso, chego à seguinte conclusão: O verdadeiro amigo não abandona o outro; faz o que a Elaine, minha querida amiga, fazia: ‘Lara, vamos conversar”? E terminávamos o papo rindo e abraçadas.
Deus existe. Não duvidem!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa