Algumas pessoas extrapolam em predicados… Independem da idade e representam tudo quanto o ser humano almeja para si próprio, exaltando a bondade, cultivando o sorriso e a decência, apesar de humano, com carne e osso… Doutor Milton Hênio é uma destas criaturas com quem orgulho-me de conviver através de constantes diálogos.
Dias atrás essa figura ímpar, meu consócio da Academia Alagoana de Letras, convidou-me para um café da manhã em restaurante de um dos hotéis a beira mar de Maceió. Justo naquele dia, minutos antes de minha saída para o encontro, tivera oportunidade de ler, publicado no jornal Gazeta, um de seus maravilhosos textos, onde enaltecia o valor de um grande amigo.
Já em sua companhia, desfrutei momentos de aprendizado, pois, vivendo em um mundo repleto de tristezas, com pessoas teimando em reclamar da vida, negligenciando o valor do oxigênio respirado ou do sorriso merecido, ter o privilégio de conviver com uma pessoa altiva e otimista como o anfitrião daquele momento, foi, para mim, extremamente importante, sobretudo ouvindo-o falar de sua infância, quando seu querido pai praticamente nunca o chamou pelo nome de batismo, mas sim: “meu filho, meu amigo, minha vida”.
Ao término daquelas duas horas de explicita satisfação, convivendo com o médico de gerações de alagoanos, em muitas oportunidades responsável pela cura de pacientes, com sua simples simpatia, voltei para casa, cada vez mais valorizando as pessoas capazes de emprestar alegria a meu coração. Embora sejam poucas neste mundo atribulado onde vivemos, elas existem e fazem a diferença em minha vida. Quando olho para trás, delas sinto saudades, pois me aconselharam, quando me senti sozinho, mostrando-me não importar em quantos pedaços meu coração estivesse partido, pois o cotidiano não pararia para eu consertá-lo.
Doutor Milton Hênio, naquela manhã, em sua conversa regada a quitutes, lembrou-me, não somente, ser 20 de julho o dia do amigo, mas, acima de tudo: “uma amizade verdadeira deve ser cultivada como um jardim, onde o segredo não é cuidar das borboletas, mas sim das flores ali existentes, pois as primeiras virão até você”. A história de nossa vida é como uma toalha rendada, precisando ser burilada a cada dia. Nela, há momentos de fulgor, de festa, dor, silêncio e também de reflexão… mas, nesta caminhada existencial, encontramos amigos verdadeiros a nos cercar, a nos acompanhar, dando provas de harmonia e boa convivência.
Pensando no experiente Doutor Milton Hênio, convenci-me do quanto é importante consolidar amizades, e não apenas conhecer os amigos, sabendo o que realmente existe dentro deles. Somente assim, o “ele” não apenas se revela, desvenda e conforta, mas, acima de tudo, se apresenta permanentemente como uma porta aberta para qualquer situação.
Abraçando Milton Hênio de Gouveia, beijo o coração de todos os que quero bem…
Alberto Rostand Lanverly
Presidente da Alagoana de Letras e do IHGAL