Resolvi conversar com meus leitores a respeito de três sentimentos vividos no dia a dia de nós, seres humanos.
Fui ao dicionário para entender melhor o que é humildade, vaidade e respeito. Friamente, encontrei as respostas, mas pretendo humanizá-las e dar exemplos do que vi e vivi durante anos.
Começando pela humildade, isto é, virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza. Modéstia. Submissão. Encontrei tal definição no velho livro.
Praticamente falando, relembro um grande exemplo de humildade em meu pai: menino pobre que chegou a ser Auditor Fiscal do INSS. Apesar de ter sido alfaiate, não era vaidoso com suas roupas. Eu alertava para isso. Ele ria e afirmava: “Filha, quem me julga pelas roupas, não me conhece”. Tratava todos com a mesma gentileza e não se submetia aos prepotentes, vaidosos. Divergia dos colegas em reunião com a voz calma e tranquila. Irritava-se com os técnicos que vinham de fora, empacotados de terno e gravata, tentando humilhar os nordestinos. Julgava as pessoas pelo caráter e não pelo cargo que exerciam.
Tínhamos um vizinho que foi Deputado Estadual e Senador da República. Os dois batiam longos papos em frente a nossa casa. E o vizinho amigo dizia: “Gosto de conversar com o Romariz; ele me dá boas ideias”.
O segundo sentimento que me deixa curiosa é o respeito. Diz o livro do Aurélio: Ato ou efeito de respeitar. Ter consideração por agir de modo que não fira alguém.
Desde pequena, ouço os mais velhos exigirem para que nós, crianças, respeitássemos os adultos ou as outras crianças. Entre amigos o respeito mútuo é fator importante. O que mais vejo em ambientes políticos é um pseudo amigo falando mal do outro, agredindo-o verbalmente. Na vida do casal se não existir consideração de um pelo outro, a união se dissolve.
Enfim, em todos os nossos momentos é preciso cultivar o respeito, a consideração. Caso contrário, o ambiente fica poluído.
E chegamos ao terceiro sentimento. Vaidade, ou seja, desejo imoderado de atrair admiração. Em toda minha vida, convivi em vários ambientes: família, trabalho, militar, político e finalmente, em comunidade.
Na família, fomos criados como classe média, tendo muitos amigos, alguns vaidosos, outros mais sensatos. No trabalho, por conta da minha profissão e de meu marido, vivi intensamente entre militares e políticos.
As Forças Armadas me levaram a vários Estados e a conhecer muita gente. Devido à concorrência existente nas promoções, deparamo-nos com alguns vaidosos, normalmente bajuladores. Mas, fizemos muitos amigos e encontramos pessoas que, mesmo chegando ao topo da carreira, não se deixaram “picar pela mosca azul” do poder.
Recentemente, um General amigo de infância de meu filho João, foi de uma humildade, simplicidade e generosidade sem limites. Tenho pelos amigos militares um grande sentimento de amizade infinita.
Na política, meus amigos, a vaidade começa no momento em que a criatura se elege. Muda o comportamento, muda o modo de falar, desconhece os amigos, deixa de ser um simples mortal.
Num determinado instante de minha vida, ouvi um Deputado se dirigir a um funcionário graduado: “Não me chame de você; sou um parlamentar”. Noutra feita, um amigo foi chamado e por um motivo tolo, levou gritos e perdeu a diretoria.
Se uma criatura normal quiser falar com um Governador ou Senador, precisa procurar um amigo que conheça a autoridade. Entrar no palácio ou no gabinete pedindo para conversar com seu representante é perda de tempo.
Há políticos que não ficam vaidosos, mas são poucos. Lembro sempre de alguns nomes do passado que não ficaram vaidosos, mas são raríssimos.
Nesse período de vida que passamos pela terra, seria interessante lembrar: não devemos ser vaidosos, precisamos respeitar o próximo e, principalmente, cultivar a humildade.
Deus existe. Não duvidem!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa