No primeiro turno das eleições em Alagoas, o candidato Paulo Dantas navegou em mar de almirante e voou em céu de brigadeiro. Foi líder das pesquisas sempre, e, o resultado se confirmou nas urnas.
Agora tudo muda. O adversário tem história de superação, ficou órfão de pai e mãe ainda na adolescência. Conseguiu por mérito e inteligência se impor na política e é considerado um vitorioso. Não vai ser fácil derrotá-lo. O seu desempenho no senado federal não é suficiente para ser usado como óbice para um novo sucesso eleitoral. Por isso é um perigo real na caminhada de Paulo Dantas.
Os marqueteiros e aliados mais cabeças (os Renans), conduziram a campanha para ter o Collor como adversário num provável segundo turno. Tentaram cooptar o candidato Rui Palmeira, primeiro via a deputada Thereza Nelma, depois com o próprio Rui. Não conseguiram convencê-lo a desistir, mas, o enfraqueceram eleitoralmente, sendo inclusive o lanterninha do pleito. O Rui tinha tudo para ser o governador de Alagoas, mas se deixou levar pela esperteza dos Calheiros e também pelas alianças indesejáveis feitas, ocasionando então, perder feio a eleição. Portanto, passarinho que anda com morcego, dorme de cabeça para baixo. É o que está acontecendo hoje com o Rui.
Os marqueteiros enxergaram a possibilidade de Collor assumir o segundo lugar, via pesquisas e com isso disputar, caso tivesse segundo turno, com Dantas. Contudo, o plano era vencer logo no primeiro turno.
Os Calheiros sabiam que a maior rejeição entre os postulantes era a de Collor, seguida com a de Paulo e isso é perigoso numa eleição majoritária.
Surpreendentemente, Rodrigo Cunha, cresceu na reta final e é forte na disputa. É menos desgastado e rejeitado e tem história política completamente diferente da de Paulo Dantas.
Menino bem comportado na infância e adolescência, que ficou órfão de pai e mãe, assassinados covardemente pela usura política de conhecimento público. Sua história é de sofrimento, tendo inclusive sua origem biológica exposta durante o primeiro turno e isso o faz vítima.
Após a morte da mãe (Ceci Cunha), continuou os estudos, formou-se em Direito e foi ajudado pelo então governador Teotônio Vilela, que o colocou no Procon, órgão de terceiro escalão, sem importância ou projeção estadual, no entanto, fez história e conseguiu seu primeiro mandato como deputado estadual. Em seguida, foi candidato a Senador e foi consagrado o mais votado, ganhando de figuras importantes da política alagoana: Benedito de Lira e Renan Calheiros.
Cunha conseguiu a proeza de disputar o governo de Alagoas e está no segundo turno com Paulo Dantas. Vai ter o apoio de muita gente grande (Bolsonaro e Arthur Lira), é natural que Collor também o apoie.
O concorrente do atual governador é filho querido da maior cidade do interior de Alagoas e todos sabem que o povo de Arapiraca é bairrista, tem tendência de fechar com Rodrigo, inclusive o prefeito Luciano Barbosa, com seu filho, eleito deputado federal. Mesmo não sendo o mais votado da cidade no primeiro turno, Cunha tem a chance de virar o jogo, o Arapiraquense pode decidir que um filho da terra administre o estado.
Os marqueteiros de Paulo Dantas, a partir de agora vão ter muito cuidado, porque qualquer palavra inadequada poderá vitimizar ainda mais Rodrigo Cunha.
Portanto, o perigo para Paulo Dantas vem de Arapiraca.
Francisco de França – advogado