Estou escrevendo este artigo da varanda de minha casa, olhando para o mar, ouvindo o barulho as ondas e admirando o sol do nosso “paraíso”.
Não consigo imaginar um país cheio de políticos sedentos de poder e dinheiro. Afastaram o Paulo Dantas, Governador de Alagoas, acusado de contratar funcionários fantasmas e de praticar as famosas “rachadinhas”. Não quero entrar no mérito da questão para dizer se o moço é culpado ou inocente. A seguir, vou contar a vocês um fato interessante.
Estive no Ministério Público nos idos de dois mil e pouco para depor sobre as “rachadinhas”. Sabíamos de muita coisa, mas não tínhamos provas concretas do fato. Paralelamente, foram chamados mais de vinte comissionados do Legislativo que, supostamente, devolviam parte do salário aos patrões. Chegavam na sala para serem inquiridos acompanhados de um advogado e permaneciam calados.
Quem participa de tal divisão ilegal, tem tanta culpa quanto o parlamentar que recebe de volta parte da remuneração de seu assessor. É minha opinião.
A pergunta que não quer calar: Por que só o governador afastado está sendo punido, se muitos praticam a tal “rachadinha” no país inteiro?
Creio que Deus justificaria para nós, pobres mortais: “Fiquem calmos. Estamos em época de eleição e os políticos estão brigando entre si. Dentre eles, poucos não praticam tal procedimento, inclusive nos outros poderes”.
Assustou-me o fato do Pai Eterno ter levado meu filho João, com 54 anos, um homem bom, que vivia para sua família e para ajudar o próximo. Todo dia rezo e pergunto aos céus a razão de uma morte tão prematura. E não encontro resposta! Choro e sinto a necessidade de saber onde anda meu filho querido. Tenho certeza de que não o verei mais e a dor vai se tornando insuportável. Amigos me dizem: ”Ele está bem, perto do Criador”. Preciso acreditar nisso!
‘ E a vida continua implacável! Vejo amigas e filhos de amigos lutando com doenças graves, tratamentos doloridos, indo a hospitais. São criaturas jovens, com um longo caminho pela frente. Ficamos na dúvida: por que são escolhidas pessoas que fazem o bem, têm família constituída e, de repente, tomam um susto grande, descobrindo que estão gravemente doentes?
Olho para o céu, vou à Missa, rezo e fico perguntando a Deus: Por que aconteceu isso, por que levou meu filho? Ainda não encontrei resposta. Talvez minha fé seja pouca ou ainda não amadureci totalmente. Meu coração está dolorido, magoado, e dói, dói muito. Preciso segurar nas mãos Dele.
Vejo políticos que são servidores públicos, ingressam nas campanhas eleitorais e, num passe de mágica, ficam ricos. Curiosamente, procuro ver de onde vem tanto dinheiro. Como o assalariado pode gastar dez, quinze milhões de reais numa eleição? Como uma família inteira entra na política e se sustenta com seus membros indo para o legislativo estadual, outro para a prefeitura e outro querendo ser senador? As campanhas são caríssimas, a vida continua e entram todos para o rol dos ricos.
Um fato chocante aconteceu dias atrás, quando um velho político foi à mídia, falar mal do filho e apresentar denúncias graves. Ele, o idoso, é uma raposa política, participou de brigas eternas. Não deu para entender. E, novamente, pergunto a Deus: De onde vem tanta ganância?
Descobri, no fim da vida que o estresse, a luta pelo poder, pelo dinheiro, levam o homem às doenças. Nós, seres humanos, não sabemos distinguir e selecionar as prioridades de nossas vidas. Corremos atrás de eleições, de cargos, de poder, e, de repente, o “Homem de Lá de Cima” puxa os cordõezinhos para dar os avisos: Tenham calma, cuidem da saúde, olhem para sua família; não adianta poder, dinheiro e não ter saúde ou perder um ente querido.
Sinto que não estou pronta para assimilar tantas ideias a respeito do tempo que passamos na terra. Para onde vamos? Nossos defuntos queridos onde estão?
Só me resta uma saída: Acreditar em Deus!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa