Ao começar a ler esse texto você imagina que o tema central será convivência a dois.
Pois é…
Vamos falar sobre relacionamento entre os que governam e os que vivem na linha da pobreza.
Na verdade, nem toda relação abusiva acontece apenas entre casais. No universo político o que mais acontece é abuso. Muitos deles estão ligados diretamente ao processo de perpetuação no poder.
Os que governam se aproveitam da fragilidade educacional e emocional, alimentam os que estão na linha da pobreza com auxílios e cestas básicas, esses “presentes de bondades” consolidam a influência, vendem utopia, desstroem qualquer tentativa de crescimento e liberdade em busca de um futuro promissor e independente.
Seguindo esse raciocínio, dificilmente existirão ferramentas, vontade política para “exterminar” o sofrimento dos que vivem esse drama. Com pouca mobilidade e acesso limitado a políticas que contribuam com mudanças significativas em suas vidas, esses são facilmente manipulados, sendo sacrificados quando preciso.
Ainda que surjam programas e iniciativas que transmitam a sensação de avanços, nada é definitivo, não passam de anestésicos. Essas ações funcionam como teias de codependência, tornam os vulneráveis, ainda mais vulneráveis, presos a uma relação duradoura e infeliz para uma das partes, geram apenas falsas impressões. Esse “escambo político” troca a continuidade dos “benefícios” por votos, deixando o povo cada vez mais viciado, acomodado.
A desigualdade estará sempre presente, esses ciclos se renovam com os mesmos propósitos. Lamentavelmente, nunca teremos soluções eficazes para o desenvolvimento humano e sustentável a médio e longo prazo. As grandes revoluções ficaram no passado e nos livros de história. Os abusos só aumentam e ganham força, inclusive com anuência da justiça, combater é quase impossível.
Nem todo poder emana do povo como diz a Constituição Federal…
Aqueles que comandam a relação em benefício próprio, não querem perder o controle. Os que dependem do comando, jamais terão vida própria. Assim são os que governam, assim são os que vivem na linha da pobreza…assim se configura um relacionamento abusivo.
Por Fábio Palmeira