Preocupa-me manter contato com pessoas negativas, cujas palavras são sempre, de reclamação ou crítica ao alheio. Esforço-me para lhes ser gentil, mas está dentro de mim a necessidade de buscar proteção contra a vibração pesada deles advinda.
Aprendi que devo acordar alegre, sair da cama sorrindo e, mesmo em dias chuvosos, acreditar no sol se exibindo lá fora e criando um céu sempre convidativo a usufruir da grande farra do viver. Também sei que ficar triste é estar desapontado com alguém ou, pior, consigo próprio; é sentir-se cansado com o cotidiano, descobrir-se frágil para enfrentar os desafios da vida, sem razões para tal desgosto. Certamente por isso, sempre encontrei forças para me afastar de momentos tristonhos…
A vida, contudo, prega surpresas nem de longe imaginadas. tempos atrás estive em Liubliana, Capital da Eslovênia, país europeu cujo Dragão é o símbolo mais importante, encantando todos os visitantes, não só com as belezas de seus monumentos seculares, como pelos pontos de real interesse, existentes em sua periferia.
Naquela manhã, após dirigir 60 quilômetros, cheguei às Cavernas de Postojna com dois milhões de anos de existência e 21 km de extensão das covas subterrâneas, onde já dentro do complexo, empreendi viagem em trem elétrico por uma série de grutas, fragmentos rochosos, colunas e cortinas translúcidas criadoras de impressões inesquecíveis. Após, conheci o Castelo de Predjana, local somente visto em listas, do tipo “locais e paisagens de contos de fadas para conhecer no mundo”. Minha primeira visão foi impactante: parece haver sido construído para encantar turistas. Não é, porém, o caso! Datando do Século XIII, o Predjna está tão perfeitamente encaixado em um penhasco, tornando difícil imaginar como pode haver sido edificado há tanto tempo.
Início da tarde, retornei a Liubliana, e, para minha surpresa, a via a ser percorrida estava interditada. À direita, uma placa anunciava: Cidade de Trieste – 33 quilômetros. Pensei rápido e optei por, ao invés de ficar parado, dirigir-me àquela localidade italiana, mesmo sabendo ali haver funcionado o macabro Campo de Concentração Risiera di San Sabba onde, mais de cinco mil pessoas foram assassinadas pelos nazistas, fato que por si, já desperta prostração, sentimento afastado com todas as forças.
Apesar disso, o local me inspirou paixão à primeira vista… banhada pelo mar Adriático, é conhecida como uma das cidades mais multiculturais de toda a Itália, além de, por ser bastante antiga, possuir inúmeras edificações da época romana, havendo inclusive na Idade Média, quando pertenceu ao Império Austro-Húngaro, competido com Veneza pela supremacia da beleza e do comércio.
Encantei-me verdadeiramente, contudo, ao verificar a quantidade de pessoas nas ruas ou sentadas em cafés/restaurantes, defronte à Piazza Unitá d’Italia, considerada a maior praça, à beira mar da Europa … prédios majestosos, complementavam a alegria vislumbrada no semblante de todos.
Já era noite quando finalmente deixei a cidade, após visitar seus pontos mais importantes. E o fiz feliz por saber ser Trieste fonte de pura alegria.
Alberto Rostand Lanverly
Presidente da Academia Alagoana de Letras