Conheci uma garota loira, magrinha, feinha, filha de ótimos pais, dignos representantes da classe média. Cresceu, estudou no velho Instituto de Educação, casou, teve quatro filhos e chegou à maturidade. Passou pela vida, enfrentando barreiras, curtindo vitórias, caminhando para a terceira idade.
Nesse momento, no final da linha, entre perdas e danos, chegou à conclusão de que é momento de curtir alegrias. Chega de sofrimentos, de abandonos, de ingratidões. O tempo é curto para lamentar parentes perdidos em vida.
De repente, no mês de maio, uma neta termina o curso de pós graduação na Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. Infelizmente, não vai à cerimônia da neta. Mas, fica torcendo pela menina que saiu de Petrolina, em Pernambuco, formou-se no ITA, em São Paulo e foi parar em Harvard. Dias alegres, acompanhando a filha que lutou para educar sua menina e hoje, agradece a Deus pela vitória alcançada.
Em Londres, mora outra neta, formada no Rio de Janeiro com curso de especialização na Alemanha. Atualmente, uma senhora casada, já deu a seus pais uma linda netinha inglesa. A velhinha e seu companheiro se contentam em ver pelo celular a alegria da neta e da bisneta.
Nos Estados Unidos, mora outro neto. Ele e a esposa fizeram excelentes cursos por lá e agora serão pais de uma menina, que chegará em setembro.
Ainda nos “States” existe outro bisneto, neto de João. É um lindo menino que só vejo pelo “face time”. O pai foi tentar a vida por lá, casou com uma bela moça e nos deu o segundo bisneto.
Estamos hospedando outro neto, que deve ir para o Canadá com a família. O Paraíso da Vovó Alari está alegre com a presença da bisneta mais velha, nos chamando de “Biso” e “Bisa”, trazendo gritos de criança à paz dos velhinhos. Pura felicidade!
Diretamente dos Estados Unidos para o interior do Maranhão: lá reside um neto e afilhado, estudante de medicina. Menino bom, lutador. Será um bom médico em Petrolina, onde residem seus pais, creio eu.
Para não esquecer os outros, em Alagoas e Pernambuco ainda temos netos que estudam arquitetura, psicologia e engenharia. São moças e rapazes guiados pelos pais para sobreviverem às intempéries da vida.
Aliado a tudo isso, também acompanhamos o dia a dia de nossos descendentes. A herança que a classe média deixa para seus filhos é o estudo. Todavia, rezamos para vê-los felizes, casados ou não, com filhos ou não, mas curtindo suas escolhas.
A velha senhora não pensou ir tão longe, mas agradece a Deus, por tantas vitórias alcançadas. O sacrifício que ela enfrentou para criar os filhos foi a lição passada para eles quando se tornaram pais. Não desistam, dizia ela, lutem por dias melhores.
Chegou então o fim da linha. Mas, ela tem a sorte de viver, desde 1963, com um companheiro que a ajuda a conservar a alegria no seu “Paraíso”.
Outra grande vitória para os dois idosos é não terem perdido a lucidez, mesmo após os oitenta anos. Administram a casa, a ida a médicos e dentistas, curtem futebol e voleibol na TV e principalmente, controlam as caixinhas e remédios.
Receber ligações de filhos e netos é um grande prazer! Saber de suas vitórias, de suas doenças, de suas alegrias é a comprovação de estar bem, entendendo o que se passa com todos.
Outro dia, no Sindicato, uma colega aposentada passou pela velhinha e deu bom dia. Na outra sala, perguntou a uma amiga: “É Dona Alari? Ela está ótima”.
A idosa ficou contente com o reconhecimento e segue andando por aí, até quando Deus quiser.
Viva a vida!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa