A vida é uma passagem que temos pela terra. Para conquistar seu espaço, o cristão enfrenta vários obstáculos.
Desde pequeno luta para conseguir o que quer. O irmão mais velho era bonito, inteligente e muito querido pelos avós maternos. Nasce então, uma loirinha feinha e birrenta. Por sorte, o pai se apaixonou por ela e foram amigos durante 67 anos.
No Grupo Escolar, a galega, como a chamavam, sempre quis estar entre os bons alunos e conseguiu. Para glória e honra de Jesus, teve o privilégio de ser aluna do Instituto de Educação. Na hora de escolher o que queria no nível superior, ingressou na Faculdade de Filosofia. Não deu certo. Apaixonou-se por um militar, casou-se e foi criar os filhos.
Encantada com a chegada dos quatro rebentos esqueceu-se de fazer outro vestibular. Mas, não saía da cabeça daquela mulher teimosa o desejo de estudar e trabalhar. Aos 35 anos prestou os exames para Economia e depois de formada, voltou para Alagoas, reassumindo suas funções na Assembleia Legislativa.
Sua volta coincidiu com o início da luta dos servidores e da fundação de um sindicato. Entendeu ser o caminho a trilhar dali para frente.
Juntou-se a um grupo de companheiros corajosos e começou a procurar os direitos perdidos no Legislativo alagoano. Tempo bom, fértil, responsável por grandes vitórias. Através da orientação de Dr. Marcos Bernardes, ingressou com ações na Justiça e foi conseguindo restaurar causas perdidas.
Durante nove anos esteve dirigindo o Sindicato da Assembleia como Vice e como Presidente. Aproveitando o Imposto Sindical, construiu o patrimônio da entidade: o Clube Legislativo, a sede do sindicato e o prédio da COPAMEDH. Ainda hoje aparecem ações implantadas pela loirinha feinha e ainda tem forças para fazer campanha para o “Velho Sindicato”, evitando que ele caia em mãos perigosas. Uma das frentes de luta é olhar pela entidade que praticamente fundou com um grupo de colegas.
Entretanto, a velha sindicalista veio morar em Paripueira, bem em frente ao mar. Como a natureza não gosta de ser agredida, o Rio Sauaçuhy ficou zangado por ter sido aterrado e caminha de volta para a cidade. E apareceu outra batalha: o IMA autorizou há três anos uma obra irregular e o condomínio onde mora a pobre coitada foi invadido pelo mar e pelo rio. Novas querelas, aborrecimentos, perda de amigos. O tempo passou e nada foi feito. Ainda não se sabe o fim da história.
Para evitar que a velha senhora fique quieta, apareceu um problema familiar. Uma irmã que recebe pensão do pai há 40 anos, premiada com gordos atrasados, não os divide com os irmãos. Mais um motivo para lutar, enfrentar problemas e não ter sua posição reconhecida. Sem coragem de colocar a irmã mais nova na Justiça, lava as mãos e coloca tudo nos braços de Deus.
Finalmente, chega aos oitenta e um anos, inquieta, sofredora, pedindo ajuda dos céus para resolver esses casos.
Tudo isso fez com que fosse amada por uns, odiada por outros. Talvez seja o preço a pagar por estar sempre em busca do bem comum.
Na primeira batalha, a do sindicato, tem se esforçado para manter na frente da entidade um grupo forte, reivindicando melhores salários e direitos dos companheiros.
Na segunda batalha não houve progresso: o rio continua ameaçando, o mar avançando sobre as casas e a proteção irregular erguida por um condomínio vizinho não saiu do lugar.
Na terceira Batalha, não foi compreendida por alguns parentes e espera a intervenção divina para a irmã malvada.
E a “Velhinha das Alagoas” continua lutando, pedindo aos colegas aposentados do Poder Legislativo do Estado: No dia 25 de abril, votem na Chapa 1!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa