Todo ano no inverno, com a chegada das chuvas acontecem enchentes, pessoas ficam desabrigadas, outras morrem, algumas famílias perdem tudo.
Em pouco tempo, passamos pelas cidades e assistimos o povo voltando para a beira do rio, casas sendo construídas nas barreiras.
O governo chega com ajudas: comida, roupas, colchões, tijolos. E começa tudo novamente.
Trabalhei numa determinada época no Projeto Viver, em Pernambuco. Era ligado à SUDENE e proporcionava aos habitantes da Zona da Mata dois tipos de serviços: construção de agrovilas e ações complementares (drenagem, lavanderias, pequenas casas e energia elétrica). A verba vinha dos Estados Unidos e vários órgãos do Estado de Pernambuco participavam do tal projeto, além do IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool.
Nas reuniões para as quais éramos chamados, tudo era bem planejado, mas me preocupava um único fato: não se falava em prevenir a seca ou as inundações no período chuvoso. Vi projetos técnicos que vinham de fora ou eram pernambucanos, tentando viabilizar algo que evitasse as catástrofes. Mas, nem sempre eram executados.
Quando havia uma longa estiagem ou um período intenso de chuvas, ocorria o trágico já esperado.
Podemos citar em Pernambuco o caso de Petrolina e cidades vizinhas, salvas pela irrigação. Entretanto na época da seca, em todo o Estado aparecem os carros-pipas. Falava-se em juntar água no inverno, para gastar no verão. Contudo, nada de concreto a não ser a dos caminhões.
Em Alagoas, as catástrofes se renovam. Chegou o inverno, vem a preocupação. Rios e lagoas inundam suas margens e o povo sofre e morre. Por que os técnicos não estudam maneiras de proteger as encostas, evitar que os rios transbordem, tirar os moradores das proximidades dos rios, riachos e lagoas? Com tanta tecnologia, não se encontra uma solução para dramáticos acontecimentos? Já se sabe onde e quando acontecem as tragédias. Sempre nos mesmos lugares, nos mesmos cursos d´água. Durante o verão pode ser feito um trabalho para evitar o desastre.
Havia na Jatiúca uma favela ocupada por pescadores. O governo derrubou as casas e removeu os moradores para a parte alta da cidade. Eles voltaram para perto da praia. Perguntei ao Tonho, um pescador que trabalhou na nossa jangada, porque deixou as novas casas. Respondeu ele: “Já viu pescador morar longe do mar”?
A Balança de Jaraguá era bem pertinho da praia e alagava tudo com a maré alta nos períodos chuvosos. A Prefeitura construiu outra num lugar limpo, seguro, calçado, e organizado. Palmas para a equipe que realizou um bom trabalho. Evitou novos alagamentos!
Olhem bem para as barreiras de Maceió: as casas são construídas umas em cima das outras. Quando chove, cai tudo de uma vez só. Agora, olhem para o Bolão, uma área que vem do Farol para perto da Cambona. Quando eu era menina, ia lá procurar pessoas para trabalhar em nossa casa. Cuidaram dela e está bem melhor.
Em compensação, as ruas que ficam perto das lagoas, são invadidas pelas águas em todo inverno. O esgoto corre a céu aberto, o mau cheiro é horrível. Entra Prefeito, sai Prefeito e nada é planejado para evitar o pior.
As ruas que cercam o Mercado Público de Maceió são imundas. Morro de vergonha quando passo por lá com alguém que vem de fora. Choveu, transborda tudo e o caos se instala.
O Prefeito JHC começou a cuidar do Salgadinho, que era um dos cartões postais negros da cidade. Espero que termine a obra e a Praia da Avenida volte a ser linda.
Técnicos do Estado e do município: mostrem aos gestores o que fazer para evitar o sofrimento do povo alagoano com tantas catástrofes.
É melhor prevenir do que remediar!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa