Tenho acompanhado a luta dos candidatos à Presidência e ao Governo dos Estados para arranjar um Vice. Poucos querem ser a segunda pessoa.
Tive duas experiências nesse sentido. Uma positiva e outra negativa. Fui Vice Presidente do Sindicato da Assembleia, com meu amigo Luciano Aguiar na Presidência. Dividimos as funções e nos demos bem demais. Ele ficou com a área política e eu com a administrativa. Ainda hoje, muitos anos depois, continuamos amigos.
A outra experiência foi como candidata a Vice Prefeita. O candidato a Prefeito não me dava o devido valor, fazia reuniões sem a Vice e deixou para mim o maior abacaxi da campanha: cuidar dos candidatos a vereador sem nenhuma verba. Nas gravações para a TV só apareci uma vez. Depois desse período, tomei raiva de política.
Um exemplo do assunto em tela é o caso de Ronaldo Lessa. Um bom político, foi Prefeito de Maceió, Governador de Alagoas e não sei porque, foi perdendo a força política. Tornou-se Vice do Prefeito JHC. Desde o início do governo, fomos notando divergências entre os dois: Ronaldo não conseguiu encaixar Kátia Born na Prefeitura. Finalmente, agora, em 2022, explodiram as diferenças e o político antigo, Ronaldo Lessa, vai ser Vice de Paulo Dantas. Na minha opinião, JHC deu um tiro no pé por excesso de vaidade. Espero que com os Calheiros, o possível Vice Governador seja valorizado.
Acompanho, de longe, o Governo Bolsonaro. Vejo, nitidamente, que alijou o seu Vice. O General Mourão é um homem digno, nunca falou mal do Presidente, engoliu os filhos dele “a seco”. O pior que achei foi o Mourão ser designado para cuidar de queimadas, extração de madeira e garimpos ilegais na Amazônia, sem verba, sem apoio suficiente. Um castigo! O Presidente já escolheu um novo Vice e nem falou no Mourão, que deve ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Eu, se fosse ele, iria para casa, curtir sua reserva com dignidade.
Em São Paulo, a Marina Silva foi convidada para ser Vice de Haddad. Político tem memória curta: a ambientalista foi vítima de ataques e perseguição por parte de Lula e do Partido dos Trabalhadores.
Quem não de lembra do que os Calheiros fizeram com o Luciano Barbosa, Vice de Renan Filho? Perseguiram o moço e sua família Ele se irritou, candidatou-se à Prefeitura de Arapiraca e venceu com facilidade. Conheci Luciano Barbosa no governo de Divaldo, quando veio de fora para coordenar o Plano de Demissão Voluntária do Estado de Alagoas. Técnico de qualidade, enfrentou políticos que queriam enxertar o PDV com pessoas estranhas ao Quadro de Pessoal do Executivo e do Legislativo. Saiu-se bem, concluiu seu trabalho e resolveu ser político. Hoje, só sei dele pela mídia.
A briga pelos Vices continua. Collor, até 2 de agosto não tinha definido seu companheiro de chapa. Rodrigo Cunha deve ter como Vice a Deputada Joh Pereira, mulher dinâmica, de família política, Deveria ser candidata a Governadora de Alagoas. Posso estar enganada, mas se encabeçasse a chapa seria bem melhor. O Rodrigo anda meio perdido como Senador.
Até o dia 5 de agosto, os partidos políticos devem decidir quem serão os candidatos. Haverão mais mudanças. Foram definidos muitos nomes. Eleitores já podem começar a escolher em quem vão votar.
Repararam que nas propagandas eleitorais o nome do Vice é bem pequenino? Acho que é proporcional à importância dada pelos cabeças de chapa aos seus Vices. Depois de eleito, o pobre coitado só serve para substituir o dono do cargo em suas ausências, como simples objeto de decoração.
Quando a chapa é derrotada, o Vice fica sem mandato e sem emprego. Corre o risco de ser processado por qualquer bobagem que tenha praticado.
É preciso ter muito cuidado quando resolver ser vice de alguém. Depois de
eleito, o Governador ou o Presidente começa a alijar o Vice. Dois exemplos vivos que cito hoje são Mourão e Ronaldo Lessa.
E não precisa dizer mais nada!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa