Eu era criança e já acompanhava com meu pai, pelo rádio, a política no Brasil.
Naquele tempo, o Partido Comunista não era legalizado, mas havia homens e mulheres que lutavam pelo comunismo no país. Vi um filme intitulado “Olga”. Ela era a mulher de Luiz Carlos Prestes, filiado ao PC. Teve uma filha na prisão, continuou lutando, suportou os sofrimentos da vida no cárcere, foi deportada para a Alemanha Nazista, onde faleceu por maus tratos.
Ele resistiu, realizou o sonho de ver o seu partido legalizado e foi eleito Deputado Federal. Antes do fim dessa legislatura o PC teve o seu registro cassado. Sabíamos os nomes dos comunistas, perseguidos, presos e afastados da família. Assim era a esquerda por aqui.
Ouvíamos falar na direita, que tinha como líder nacional um moço chamado Plínio Salgado. Como meu pai era socialista, pintava um retrato negro da direita. Lembro-me da candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes (1950). Quando ele esteve em Maceió, o pessoal que fazia sua campanha comprou flores à minha mãe para ornamentar os ambientes onde ele iria estar. As plantas morreram a seguir e a culpa foi da direita, segundo o meu pai. Acabou-se o nosso jardim.
Em 1954, morreu Getúlio Vargas, Presidente da República, estadista famoso, criador da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, de outras leis e mecanismos asseguradores dos direitos do povo pobre. Foi traído por amigos e deu um tiro no peito. “Saio da vida para entrar na história”, disse em carta.
Tempos depois, surgiram homens como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves. Entendíamos o idealismo deles e sabíamos que eram políticos sérios e pensavam no Brasil.
Passamos pela Revolução de 1964. Querida por uns, odiada por outros, mas sempre com uma posição definida. A ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, a hidrelétrica de Itaipu, além de outras grandes obras foram construídas nessa época em que os militares estiveram no poder.
Num passado recente fomos governados pelo Partido dos Trabalhadores, fase em que a esquerda comandou nosso país. Os primeiros dois anos foram bons, mas depois apareceram denúncias de corrupção e os petistas chegaram ao fim do governo envolvidos em escândalos, com alguns deles processados e presos. Terminou com a cassação da Dilma Roussef.
Chegamos ao pleito de 2018 e hoje temos como Presidente um ex-militar, de direita. Comete erros e acertos, entretanto conseguiu baixar a inflação. reorganizar as finanças, as estatais dilapidadas e apesar de temperamento inquieto, tenta acertar.
Estamos no período antecedente ao segundo turno das eleições presidenciais e de alguns governos estaduais. No primeiro caso, disputam o poder a esquerda e a direita, mais uma vez. Nós, eleitores, temos duas opções: voltar para o domínio do PT ou reeleger Bolsonaro. E a briga está feia! Nunca vi tantas denúncias, tanto desrespeito. Uma baixaria! Cabe ao povo fazer sua escolha.
Para governar Alagoas, vamos decidir entre dois candidatos. Paulo Dantas, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Batalha. Afastado do cargo de governador-tampão, envolvido em escândalos, está com mais de 50% dos votos. Promete continuar a gestão de Renan Filho. Não o conheço pessoalmente, apesar de ter sido deputado estadual. Acusado de praticar “rachadinhas”, supõe estar sendo perseguido por outro grupo, onde alguns integrantes praticam o tal mecanismo de dividir o salário dos servidores com eles. Apoia Lula. É de direita ou de esquerda? Não sei dizer.
Do outro lado, temos Rodrigo Cunha, odiado pelos servidores do Legislativo, por ter publicado uma auditoria realizada naquele Poder. Político jovem, usou o assassinato da mãe para se promover. Ex-deputado estadual, é senador, mas não apareceu muito naquela Casa. Indefinido na eleição presidencial. É de direita ou de esquerda? Ninguém sabe.
Enfim, amigos leitores, o segundo turno das eleições em Alagoas não apresenta novidades. É o grupo dos Calheiros contra o grupo do Arthur Lira. O vencedor não será de esquerda ou de direita. São dois políticos jovens, experientes, que foram sabidos e não saíram do sistema.
Qual o menos pior? Escolham vocês, eleitores alagoanos!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa