Presidente falou que o país tolera as dívidas de pessoas ricas, mas coloca em dúvida se estudantes conseguirão pagar as suas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o Fies, programa para financiamento de estudantes do ensino superior, e questionou os juros estipulados pelo Banco Central.
O Fies foi criado antes dos governos petistas, mas quando o partido esteve no poder pela 1ª vez as regras do programa foram flexibilizadas. Estudantes ficaram em dívida com o governo.
Na pré-campanha, em 2022, Lula falava em perdoar as dívidas e retomar o programa. Jair Bolsonaro (PL), que era presidente e seria derrotado por Lula na eleição meses depois, fez um programa para perdoar e renegociar essas dívidas. O valor perdoado ficaria por volta de R$ 38 bilhões.
“‘Ah, mas vai dar o cano, não vai pagar’. É muito pouco a gente achar que não vai pagar. Ele [estudante] não teve nem chance de provar se vai pagar ou não”, declarou Lula.
“Se o país tem tanta tolerância com os ricos que devem nesse país, por que a gente não tem a compreensão de que um jovem que se formou pode pagar sua dívida?”, questionou o presidente.
“O Brasil tem milhões de pessoas que dão cano na Previdência Social, que não pagam impostos, e essa gente deve quase R$ 2 trilhões. E eu vou me incomodar com uma dívida de um estudante que tomou emprestado R$ 10 mil, R$ 12 mil, para se formar?”, disse ele.
Lula também fez críticas ao mercado financeiro e questionou a taxa de juros estipulada pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao Banco Central.
“Qual é a explicação de a gente ter juros de 13,5% hoje [a taxa está em 13,75% ao ano]? Qual é a explicação? O Banco Central é independente, a gente poderia não ter nem juros”, declarou o presidente.
“A inflação está 6,5%, 7,5%. Por que os juros estão 13,5%?”, questionou.
“Qual é a lógica da desconfiança do mercado tem de tudo o que a gente fala de investimento? Eu não vejo essa gente falar uma vez em dívida social”, disse o presidente da República.