Cada vez mais me sinto convencido, de ser a vida composta por coisas pequenas e simples coincidências mas suficientes para fazer a diferença: O céu “fala” quando vai chover mostrando-se mais escuro. O mar se “comunica” com o pescador experiente através das ondas, ventos e corrente, o corpo “sinaliza” algum distúrbio quando a febre afeta o organismo.
Em uma conversa sem importância, alguém desconhecido lhe traz informações que tanto estava buscando, em determinado momento certa dúvida atiça o seu pensar, para no instante seguinte, música escutada despretensiosamente parece lhe mostrar a resposta. Uma imagem, palavra ou número que aparece repetidamente em um mesmo dia, representam toques que carecem de ser considerados.
Recentemente lendo a biografia de Cecilia Meireles aprendi que a aplaudida escritora teve a sua vida marcada pelo número três, pois aos três anos perdeu a mãe, cedo morreram seus três irmãos, foi genitora de três filhos, um dos seus poemas mais famosos possui três estrofes enquanto outro, longuíssimo, com oitocentas linhas, foi intitulado com três letras: EUA.
Meses atrás no aeroporto de Recife deparei-me com três engenheiros que haviam sido meus alunos na Universidade Federal de Alagoas, os quais não via já há muito tempo, um deles desde a sua colação de grau, apesar de serem todos residentes em Maceió.
Embarcamos na mesma aeronave rumo a São Paulo repetindo-se a coincidência com destino a Lisboa e tempos depois sem nada estar combinado, também no voo até Milão na Itália, onde no aeroporto, nos despedimos desejando boa viagem uns aos outros.
Dia seguinte, dentre milhares de pessoas a percorrer pontos turísticos da metrópole milanesa, esbaramos com o mesmo grupo de maceioenses em ocasiões distintas, uma delas no interior da catedral e outra horas depois na praça principal da cidade bem defronte a entrada da galeria Vittorio Emanuele.
Dias depois o fato se repetiu por três ocasiões em Verona, quando enfrentávamos enorme fila para visitar a casa de Julieta, a amada de Romeu, em um dos inúmeros restaurantes ali existentes, o Nastro Azzurro e na ponte Castelvecchio sobre o Rio Adige que banha a cidade.
Outras três oportunidades em Veneza, na Praça de São Marcos, Duomo da metrópole e proximidade da livraria Acqua Alta, repetindo o feito também em Florença em rua de grande movimentação próxima a galeria de Belas Artes onde se visita a escultura de Davi concebida magistralmente por Michelangelo. Por incrível que pareça, já em Roma, em audiência exclusiva e hora marcada, com o Papa Francisco, ao chegarmos à Santa Sé, sentamos bem próximo de Bergson, Gonçalo, Marcelo e suas esposas. Já de volta a Maceió, nunca mais nos encontramos.
Tais eventos, são sinais que alimentam o cotidiano de todos os mortais, pois é sempre assim o curso dos fatos que movem as rodas do mundo
Assim como na matemática, é basilar a técnica da regra de três, o que alguns chamam de coincidência, muito bem pode ser visto como destino.