Estamos passando por uma enorme crise de segurança pública no Brasil. Vários Estados são cenários de crimes praticados nas ruas.
Em Pernambuco, acabaram de matar um Juiz na porta de casa. Na Bahia os crimes se sucedem. O pior deles é o Rio de Janeiro, onde polícia, milícia e crime organizado lutam para mostrar ao povo quem pode mais.
A classe média do país apesar de sofrer muito, ainda pode trabalhar, ter casa própria, criar seus filhos frequentando bons colégios. Os mais pobres lutam pela sobrevivência. Alguns não têm o que comer, moram nas ruas, mas o governo federal cria ferramentas ajudando-os a sobreviver.
Mesmo com tais auxílios, como é o caso do Bolsa-Família, ainda existem muitas favelas, desemprego e o sofrimento é grande. Falta muito para que as comunidades mais humildes tenham uma vida decente.
A classe rica é a mais privilegiada e a mais assustada. Estive em São Paulo recentemente e vi ruas com lindas mansões, prédios maravilhosos. Tudo muito trancado e muito silencioso. De vez em quando há um sequestro de um membro de famílias da classe A. Acaba o sossego de todos!
Assalto é algo comum em todas as nossas regiões. Se uma moto para ao lado do seu carro, é um susto! Andar pelas ruas com bolsa e celular na mão é um perigo. Sair de casa durante a noite é arriscado. Vivemos apreensivos em qualquer cidade do país.
Outro dia, andando pela Jatiúca, ao sair de uma clínica, vi um homem correndo em minha direção. Um portão de garagem se abriu e eu entrei. Um senhor surpreso, viu o tal homem passar e me acolheu. “Essa rua é perigosa”, falou ele. Eu ia pegar um taxi na esquina, orientada pelo segurança da clínica. O moço ficou horrorizado.
Estávamos na porta de um hotel em São Paulo e uma amiga minha estava com o celular ligado, na rua, chamando um taxi. O porteiro rapidamente pediu para ela entrar no hotel. “É perigoso! Um menino passa de bicicleta e leva seu celular. E a senhora ainda pode cair”, alertou ele.
Com tantos perigos, ainda podemos levar uma boa vida na nossa terra. Temos água, comida, trabalho e vamos sobrevivendo.
Em compensação, quem mora nos países que se encontram em guerra, está sofrendo em demasia. Uns foram sequestrados, estão num túnel abaixo da superfície, apanhando, sem água para beber, sem comida, esperando morrer.
Outros largam tudo para trás, deixam o que conseguiram construir, andam léguas, vão para países estranhos, sem saber o que vão encontrar.
Há casos de diferentes escolhas: em um deles, a mulher vem para o Brasil com os filhos, deixando o marido na guerra. Em outro, a mãe não saiu de Israel porque o filho está servindo ao exército.
Diante de tanto sofrimento, é melhor viver por aqui, onde temos água, vamos ao supermercado comprar gêneros alimentícios, os filhos vão à escola. Penso que, no momento atual, é melhor viver numa cidade pequena, cujo perigo é bem menor. Fugir das grandes cidades está sendo comum no Brasil; nas menores a vida é mais simples, menos perigosa e o custo é menor.
Aqui, no interior onde moro, há fartura de frutas, legumes, carne, peixe. Vez em quando, liga um pescador: “Chegou uma cavala de cinco quilos. Quer comprar?” E o vendedor tem até PIX! O peixe chega fresquinho, ainda sangrando.
Vejo as crianças indo para a escola, o povo saindo da Missa ou do culto religioso, sem ouvir barulho de bombas ou mesmo estouro de foguetes assassinos.
Isso é o que chamo de contrastes da vida e, muitas vezes, choro pensando nas populações vítimas de uma guerra criminosa.
Com todos os problemas existentes nessa terra linda que é o Brasil, ainda vale a pena morar por aqui.
Deus conosco!
Alari Romariz Torres
É aposentada da Assembleia Legislativa